quarta-feira, 16 de novembro de 2011

MUSEUS E INCLUSÃO SOCIAL (Gabriela Aidar)

Geralmente, quando ouvimos a expressão “inclusão social”, pensamos logo na questão da acessibilidade, ou seja, a capacidade que determinado espaço deve possuir para abranger os diferentes tipos de público. Porém, neste texto, Gabriela Aidar aborda a inclusão social relacionada às atividades que estejam embasadas nas demandas da sociedade. Portanto, entra em pauta o papel social dos museus, que muitas vezes associamos a algo novo, mas que na verdade já vem sendo concebido desde fins do século XVIII e começo do século XIX, porém, naquela época havia outra roupagem, apresentando um caráter disciplinatório para as massas. A Nova Museologia veio trazer uma outra possibilidade de discurso, visando o desenvolvimento social. Primeiramente, a autora fala da exclusão social, objetivando mostrar os estudos que permitiram o melhor entendimento acerca da inclusão social nos museus.
Entende-se que a exclusão social é tudo aquilo que limita o acesso das pessoas à participação na sociedade em que se vive, por exemplo, de direitos políticos, do mercado de trabalho, dos elos familiares e comunitários. Os museus, como instituições públicas, possuem responsabilidades sociais no sentido de promoverem um retorno à sociedade. Por sua vez, como instituições culturais podem trabalhar para a inclusão, e se não souberem articular com seu entorno, estarão dando espaço para a exclusão social. A autora coloca três níveis de mudanças que os museus podem provocar: individual, comunitário e societário. O primeiro está associado a esferas psicológicas e emocionais de uma pessoa, estimulando um senso de identidade e pertença. O segundo nível se relaciona ao fortalecimento das comunidades através de sua participação na tomada de decisões, propiciando confiança e regenaração social. O terceiro refere-se a suas práticas de seleção, exposição e dos discursos criados, favorecendo a afirmação de grupos marginalizados.
Depois que a parte teórica é mencionada, Gabriela Aidar expõe a parte prática, colocando a importância das experiências em todo o processo. Uma delas foi desenvolvida em um museu da Inglaterra, onde houve a contribuição de determinado grupo de deficientes físicos para a melhoria das condições de acessibilidade, passando por recursos que auxiliaram na interpretação das exposições. Dessa forma, percebemos como é pertinente se fazer a consulta aos agentes de construção dos programas de inclusão. Penso que os museus podem abrir suas portas para uma outra forma de concepção, levando em consideração que somente as pessoas com limitações são capazes de expressar aquilo que, verdadeiramente, necessitam possibilitando que seja efetiva sua participação. Isso é entender a perspectiva do outro e quando tal instituição assume essa posição oportuniza a reflexão sobre sua contribuição no papel de instituição pública com vistas à igualdade social e ao fortalecimento de grupos que se encontram em desvantagem. Assim, as práticas museológicas precisam ser redimencionadas a partir de uma ampliação das tomadas de decisões, permitindo que os setores da profissão e do público possam "ter voz" e agir. 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

MUSEU E EDUCAÇÃO: CONCEITOS E MÉTODOS (Magaly Cabral)

Para falar da relação entre educação e museu a autora prefere, inicialmente, mencionar o conceito de cultura, considerando que ela é responsável por nossas formas de pensamento, de expressão e de entendimento do mundo. Dessa forma, é interessante pensar que a transformação da sociedade modifica também a maneira de pensarmos o papel dos museus, a construção do conceito de identidade e sua profunda relação com a cultura. Com isso, observamos que o museu também foi passando por concepções e, atualmente, deve assumir a posição de estar comprometido com a sociedade na qual estiver inserido, possibilitando o diálogo com as comunidades por meio de práticas sociais.
 Então, museu e educação são palavras que "caminham de mãos dadas".  Conforme Magaly Cabral,  a educação é importante instrumento social do  mundo contemporâneo  e tem papel ativo, se contribui para a inclusão social e para a acessibilidade cultural a todos os cidadãos. Para exemplificar suas proposições, a autora adota o termo “pedagogia crítica”, ou seja, uma maneira de estimular as pessoas a pensar a partir de suas experiências e das formas simbólicas do cotidiano e daquilo que lhe pareça familiar. É claro que isso se opõe à  “educação bancária”, aquela que não permite a interação entre o homem e o objeto, mas sim, compara o homem a um recipiente vazio, pronto para ser cheio.
A questão do museu ser um espaço educacional sempre esteve presente, mesmo quando não havia essa preocupação. Acredito que serve como formador de opinião, com vistas à mudança de velhos padrões estabelecidos e à construção de um conhecimento mais analítico. Democratizar o museu significa dar-lhe recursos para que exerça um papel educativo, mais no sentido de desenvolver políticas participativas do que assistencialistas, oportunizando a integração dos agentes excluídos. Os contextos pessoal, social e físico são elementos que influenciam o visitante, visto que a variedade de experiências, o fato de estar sozinho ou acompanhado e a estrutura do museu são relevantes quando se pensa em ação educativa. Depois de analisados esses itens, é possível aplicar as tais ações, que precisarão resultar em participação e aprendizagem através da construção de significados e sentidos, de forma a propiciarem uma melhor “ educação com o patrimônio”, denotando responsabilidade social de preservação dos bens materiais e imateriais.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A DANAÇÃO DO OBJETO (Francisco Régis Lopes Ramos)

A danação se refere ao modo desorganizado em que, muitas vezes, o objeto está exposto no museu, de maneira confusa, morta e pouca comunicativa, parecendo despido de vida social. O objeto, pelo contrário, é portador de forte traço cultural e importante recurso de aprendizagem. A relação dos museus de história com o ensino costuma ser tensa, visto que essas instituições ainda não conseguem desenvolver ações educativas adequadas para a produção do conhecimento. 
 Nesse sentido, o autor traz propostas pedagógicas para o exercício da reflexão crítica e dá destaque ao “objeto gerador” que trabalha com a “palavra geradora”. O termo não é novo no campo museal, pois nos anos oitenta e início dos anos noventa já era colocado em textos e palestras. Para que os trabalhos na área sejam aprimorados e levados à diante é  necessário haver comprometimento com o ato educativo, que envolve um atendimento programado, sistematizado por parte dos museus em sintonia com a prévia preparação dos professores.
A visita à instituição deve começar na sala de aula, com atividades lúdicas que utilizem materiais do cotidiano, facilitando a leitura dos objetos, observando a história que há na materialidade das coisas através da problematização e do questionamento. Da mesma forma, penso que deve continuar na sala de aula, por meio de recaptulações do que foi trabalhado. É importante também ressaltar que o museu não deve fazer relação somente com o passado, mas sim educar a partir das vivências do presente e do que pode acontecer no futuro. Na minha opinão, isso contribui, e muito, para a mudança de visão que as pessoas costumam ter dos museus, ou seja, como um lugar preso às amarras do passado.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO E MUSEUS: SEDUÇÃO, RISCOS E ILUSÕES (Ulpiano T. Bezerra de Menezes)

Educação e Museus sempre estiveram associados, já que no século XVIII, Museus e Patrimônio originaram-se com o viéis educativo. Todavia, acredito que algumas ideias referentes ao processo educacional ainda prevalecem, outras se perdem frente aos apelos dos padrões culturais atuais. O texto parte de três problemáticas que são: educação, conhecimento e cultura material.
O conceito de educação nos museus está focado na maneira como memória e identidade são tratadas. Quando falamos em memória, costumamos acreditar que ela pode ser resgatada, como se fosse um pacote fechado de informações. Porém, trata-se de um engodo, já que a memória faz parte de um processo historicamente mutável que se constrói por meio do filtro, da seleção e do esquecimento programado. Ela se dá no presente e para responder solicitações do presente. A questão da identidade também não é imune às transformações, variando conforme as situações. Os museus, geralmente, se posicionam como indutores de identidades, de modelos unívocos de homem e sociedade, esquecendo das outras partes que também compõem a diversidade.
A segunda problemática é o conhecimento, elemento sempre recorrente quando se fala em educação nos museus, visto que, na maioria das vezes, estão mais preocupados com o excesso de informação do que com a produção do conhecimento, de fato. A situação se agrava ainda mais quando o museu se subordina à indústria cultural do espetáculo, iludindo-se com um populismo sem responsabilidade política. Por fim, vem a terceira problemática que é a cultura material, ou seja, a educação pelo objeto, onde encontramos nossos museus ainda despreparados para terem o domínio da devida exploração, da problematização de seus acervos.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL II (Maria de Lourdes Parreira Horta)

Falar em Educação Patrimonial é falar de um campo que conta com metodologias aplicadas para o desenvolvimento dos processos de aprendizagem através de bases teóricas e científicas. A educação centrada no objeto requer a consideração de alguns princípios fundamentais da Psicologia do Aprendizado e da Percepção. É a interação da percepção e do aprendido que torna possível  a organização do comportamento.
A percepção Sensorial é aquela que está ligada à recepção concreta dos estímulos, nos órgãos dos sentidos; a Significativa é a relacionada à capacidade de associar material aprendido anteriormente com o que é percebido. A Motivação é outro elemento importante para o processo de aprendizagem, e vem depois da percepção. Ela define os motivos que dirigem as atividades humanas para determinados fins, sendo assim, não existe aprendizagem sem motivação. A Capacidade de retenção  está ligada a nossa memória, estando determinada pela motivação, ou seja, o que não interessa é facilmente esquecido.
A Emoção é ainda um aspecto de maior relevância, pois modifica o comportamento e está nas bases da motivação, portanto o sentimento é um meio de adquirir conhecimento. Então, pensando em tudo isso, é fundamental que os estudos sobre aprendizagem sejam, realmente, realizados a partir de atividades que aproximem o sujeito do objeto, focadas no cotidiano, no campo das vivências. As práticas devem ser tanto no âmbito dos museus quanto das escolas, com o objetivo de ser efetiva a relação museu- ensino- escola, trabalhando com a cultura material, estimulando a interpretação, a compreensão, a reflexão e a produção do conhecimento.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL I (Maria de Lourdes Parreira Horta)

Fundamenta-se no ensino centrado no objeto cultural, no processo educacional que o considera como fonte primária de ensino. Sendo assim, é possível dizer que os objetos e os monumentos possibilitam uma experiência concreta, não verbal, nos permitindo evocar e explicar o passado de que somos herdeiros.  Por essa razão preservamos.
A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que fornece ferramentas ao indivíduo para oportunizar a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sócio-cultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da auto-estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural.
Acredito que isso parece ser mais compreensível para um adulto, mas para uma criança? E já que estamos falando em aprendizagem, temos que pensar na raiz de toda essa questão. Por que e como levar a criança a voltar os olhos para o passado, se a descoberta do mundo, para ela, é baseada no dia-a-dia, no imediato? A busca de respostas para essas questões, vem desenvolvendo princípios básicos de uma metodologia específica, atraindo a atenção e o interesse de profissionais engajados com essa mesma causa. Portanto, foi de suma importância o Seminário de Petrópolis, visto que propôs metodologias para a Educação Patrimonial, analisando e discutindo os elementos que pudessem orientar a prática de atividades educacionais em museus e monumentos do nosso patrimônio.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

“A valorização do patrimônio cultural brasileiro depende, necessariamente, de seu conhecimento. E sua preservação, do orgulho que possuímos de nossa própria identidade.”