quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A DANAÇÃO DO OBJETO (Francisco Régis Lopes Ramos)

A danação se refere ao modo desorganizado em que, muitas vezes, o objeto está exposto no museu, de maneira confusa, morta e pouca comunicativa, parecendo despido de vida social. O objeto, pelo contrário, é portador de forte traço cultural e importante recurso de aprendizagem. A relação dos museus de história com o ensino costuma ser tensa, visto que essas instituições ainda não conseguem desenvolver ações educativas adequadas para a produção do conhecimento. 
 Nesse sentido, o autor traz propostas pedagógicas para o exercício da reflexão crítica e dá destaque ao “objeto gerador” que trabalha com a “palavra geradora”. O termo não é novo no campo museal, pois nos anos oitenta e início dos anos noventa já era colocado em textos e palestras. Para que os trabalhos na área sejam aprimorados e levados à diante é  necessário haver comprometimento com o ato educativo, que envolve um atendimento programado, sistematizado por parte dos museus em sintonia com a prévia preparação dos professores.
A visita à instituição deve começar na sala de aula, com atividades lúdicas que utilizem materiais do cotidiano, facilitando a leitura dos objetos, observando a história que há na materialidade das coisas através da problematização e do questionamento. Da mesma forma, penso que deve continuar na sala de aula, por meio de recaptulações do que foi trabalhado. É importante também ressaltar que o museu não deve fazer relação somente com o passado, mas sim educar a partir das vivências do presente e do que pode acontecer no futuro. Na minha opinão, isso contribui, e muito, para a mudança de visão que as pessoas costumam ter dos museus, ou seja, como um lugar preso às amarras do passado.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO E MUSEUS: SEDUÇÃO, RISCOS E ILUSÕES (Ulpiano T. Bezerra de Menezes)

Educação e Museus sempre estiveram associados, já que no século XVIII, Museus e Patrimônio originaram-se com o viéis educativo. Todavia, acredito que algumas ideias referentes ao processo educacional ainda prevalecem, outras se perdem frente aos apelos dos padrões culturais atuais. O texto parte de três problemáticas que são: educação, conhecimento e cultura material.
O conceito de educação nos museus está focado na maneira como memória e identidade são tratadas. Quando falamos em memória, costumamos acreditar que ela pode ser resgatada, como se fosse um pacote fechado de informações. Porém, trata-se de um engodo, já que a memória faz parte de um processo historicamente mutável que se constrói por meio do filtro, da seleção e do esquecimento programado. Ela se dá no presente e para responder solicitações do presente. A questão da identidade também não é imune às transformações, variando conforme as situações. Os museus, geralmente, se posicionam como indutores de identidades, de modelos unívocos de homem e sociedade, esquecendo das outras partes que também compõem a diversidade.
A segunda problemática é o conhecimento, elemento sempre recorrente quando se fala em educação nos museus, visto que, na maioria das vezes, estão mais preocupados com o excesso de informação do que com a produção do conhecimento, de fato. A situação se agrava ainda mais quando o museu se subordina à indústria cultural do espetáculo, iludindo-se com um populismo sem responsabilidade política. Por fim, vem a terceira problemática que é a cultura material, ou seja, a educação pelo objeto, onde encontramos nossos museus ainda despreparados para terem o domínio da devida exploração, da problematização de seus acervos.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL II (Maria de Lourdes Parreira Horta)

Falar em Educação Patrimonial é falar de um campo que conta com metodologias aplicadas para o desenvolvimento dos processos de aprendizagem através de bases teóricas e científicas. A educação centrada no objeto requer a consideração de alguns princípios fundamentais da Psicologia do Aprendizado e da Percepção. É a interação da percepção e do aprendido que torna possível  a organização do comportamento.
A percepção Sensorial é aquela que está ligada à recepção concreta dos estímulos, nos órgãos dos sentidos; a Significativa é a relacionada à capacidade de associar material aprendido anteriormente com o que é percebido. A Motivação é outro elemento importante para o processo de aprendizagem, e vem depois da percepção. Ela define os motivos que dirigem as atividades humanas para determinados fins, sendo assim, não existe aprendizagem sem motivação. A Capacidade de retenção  está ligada a nossa memória, estando determinada pela motivação, ou seja, o que não interessa é facilmente esquecido.
A Emoção é ainda um aspecto de maior relevância, pois modifica o comportamento e está nas bases da motivação, portanto o sentimento é um meio de adquirir conhecimento. Então, pensando em tudo isso, é fundamental que os estudos sobre aprendizagem sejam, realmente, realizados a partir de atividades que aproximem o sujeito do objeto, focadas no cotidiano, no campo das vivências. As práticas devem ser tanto no âmbito dos museus quanto das escolas, com o objetivo de ser efetiva a relação museu- ensino- escola, trabalhando com a cultura material, estimulando a interpretação, a compreensão, a reflexão e a produção do conhecimento.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL I (Maria de Lourdes Parreira Horta)

Fundamenta-se no ensino centrado no objeto cultural, no processo educacional que o considera como fonte primária de ensino. Sendo assim, é possível dizer que os objetos e os monumentos possibilitam uma experiência concreta, não verbal, nos permitindo evocar e explicar o passado de que somos herdeiros.  Por essa razão preservamos.
A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que fornece ferramentas ao indivíduo para oportunizar a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sócio-cultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da auto-estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural.
Acredito que isso parece ser mais compreensível para um adulto, mas para uma criança? E já que estamos falando em aprendizagem, temos que pensar na raiz de toda essa questão. Por que e como levar a criança a voltar os olhos para o passado, se a descoberta do mundo, para ela, é baseada no dia-a-dia, no imediato? A busca de respostas para essas questões, vem desenvolvendo princípios básicos de uma metodologia específica, atraindo a atenção e o interesse de profissionais engajados com essa mesma causa. Portanto, foi de suma importância o Seminário de Petrópolis, visto que propôs metodologias para a Educação Patrimonial, analisando e discutindo os elementos que pudessem orientar a prática de atividades educacionais em museus e monumentos do nosso patrimônio.